quarta-feira, 3 de abril de 2013

VOCÊ QUER SER UM FRADE CAPUCHINHO? - TEXTO DE FREI CARLOS PEDROSO, OFMCap



O que você vai ser? Eis a pergunta vocacional!
Você é jovem. Tem todo o futuro aberto à sua frente. O que você vai fazer com essa sua vida tão preciosa. Neste livrinho, nós estamos querendo ajudá-lo a escolher um caminho. Falamos da possibilidade de você ser um missionário, uma pessoa consagrada a Deus. Pode até ser que o seu caminho não seja este, mas já foi para muitos jovens como você. Ainda está sendo. E, pelo menos, poderá ajudar você a escolher melhor, a confirmar melhor o que fazer de sua vida. Nós falamos de vocação para ser um frade capuchinho.
O que é vocação?
A vocação é um chamado de Deus ao qual a gente tem que responder todos os dias da vida. Cada pessoa tem de tomar consciência da vocação que sempre teve. A gente começa a perceber o que Deus quis no dizer desde o nosso nascimento até hoje, para ver se está respondendo de acordo com o chamado. Não se devem esperar "sinais" muito claros, milagrosos. O chamado vem, em geral, pelo que descobrimos em nós mesmos sobre as nossas inclinações e gostos. O fundamental é conhecer a si mesmo e, a partir disso, tentar fazer um projeto de vida: o que é que eu vou fazer, daqui a diante, da minha vida. Alguns sinais da vocação religiosa: Gostar de ser de Deus, de rezar. Gostar de prestar serviços aos outros, Gostar de conviver com os outros. Ter a saúde necessária para doar-se, mesmo com sacrifícios. Ninguém pode achar que tem vocação para a vida religiosa só por medo de enfrentar outras situações, por exemplo, por não querer casar-se.
Por que ser um frade?
Um frade é antes de tudo uma pessoa consagrada a Deus, que se entrega totalmente a Ele e, por amor dele, está disposta a prestar serviços aos mais necessitados. Em vez de cuidar da própria família, acha que tem amor suficiente para cuidar dos que não têm ninguém que olhe por eles. A palavra Frade quer dizer irmão, e dá um dos sentidos mais importantes da vocação. Um frade é uma pessoa que está disposta a viver a vida inteira com outros irmãos, sem se casar, dando testemunho para todas as pessoas de que, no céu, nós vamos viver para sempre um profundo amor de irmãos e irmãs entre todas as pessoas. Um frade é alguém que coloca todo o seu apoio, toda a sua esperança e toda a sua força, por amor a Deus, nos outros frades, seus irmãos. Sua garantia não esta no dinheiro, na saúde, num diploma, numa família, nem mesmo numa instituição. São os outros irmãos. Um frade tem o coração aberto para amar todas as pessoas, mesmo as mais difíceis. É claro que sempre a gente ama algumas pessoas mais intensamente, com mais alegria, mas sem querer ser o dono delas. Algumas outras pessoas a gente ama com mais dificuldade, mas sabe ir descobrindo o que elas têm de bom porque todos os filhos de Deus têm muitas coisas boas, mesmo que, logo no início, a gente não consiga ver. Por isso, São Francisco chegou a dizer que nós devíamos receber bem até os ladrões.
Por que um franciscano capuchinho?
Há muitos jeitos de ser um Frade, em ordens ou congregações muito diferentes. Os frades franciscanos seguem a proposta de vida de São Francisco de Assis. São Francisco e Santa Clara de Assis foram dois grandes santos que viveram oitocentos anos atrás e deixaram um bonito caminho espiritual que milhões de pessoas têm seguido até hoje. Na proposta franciscana, um dos aspectos mais importantes é levar extremamente a sério a vida em fraternidade, o amor entre os Irmãos e com todos os irmãos e irmãs deste mundo. Mas Francisco e Clara queriam principalmente seguir Jesus Cristo. Como Jesus Cristo tornaram-se pobres e penitentes. No fim, tornaram-se verdadeiramente "outros Cristos". Eles nos ensinam, com uma força especial, a descobrirmos Jesus Cristo dentro de nós mesmos e a nos transformarmos em bons filhos de Deus, como eles. Oitocentos anos atrás, São Francisco e Santa Clara fundaram três "ordens", os grupos de pessoas que seguiram seus passos no caminho de Deus. Um desses grupos para homens foi o dos frades franciscanos (OFM, OFMConv e OFMCap). Outro foi o das Irmãs Clarissas, para as mulheres que queria retirar-se para levar uma vida contemplativa. Outro admitia qualquer pessoa, mesmo as que queriam viver como casadas e trabalhando fora como todos os bons cristãos. Com o tempo, essas famílias se multiplicaram. Mesmo a Ordem Terceira, que era para pessoas leigas, acabou dando origem a muitas congregações religiosas, tanto de homens como de mulheres. Esses grupos surgiram desde o tempo de São Francisco, mas grande parte é dos séculos XIX e XX. São chamados de Terceira Ordem Regular. Quando colocamos um OFMCap, aí atrás, queríamos falar dos frades capuchinhos, um ramo dos franciscanos que se formou no século XVI, pouco depois do descobrimento do Brasil.
Missionários?
Missão quer dizer envio. Quer dizer que alguém nos mandou fazer alguma coisa importante. Muito importante. Ir buscar água ou comprar pão não é uma missão. Missionário é quem recebeu uma missão de Deus. Um dos sentidos comuns da palavra "missionário" é o de uma pessoa enviada para o meio de outro povo para anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo. Mas, onde houver necessidade de Jesus Cristo há um campo de vida e de trabalho para todos os missionários e missionárias. Nós pensamos na Missão de Jesus, a que ele recebeu de Deus Pai, quando nasceu como um ser humano. A missão dele é vir anunciar o Amor, que é Deus, que é a "vida em plenitude". Já foram escritas páginas belíssimas da história das Missões por homens e mulheres que, por amor de Jesus Cristo, chegaram a dar a sua vida países estrangeiros ou no meio de culturas que não conheciam ou não aceitavam o Evangelho. Não só deram a sua vida morrendo como mártires, mas também vivendo integralmente muitos anos na doação aos mais necessitados, aos excluídos. Mas não pode ser missionário da Boa Nova quem não se deixou embeber totalmente por ela. Nós não somos carteiros do Evangelho, que levamos a mensagem em um envelope: somos testemunhas, que levamos Jesus vivo em nossas vidas.
Por que Frades Capuchinhos?
Os frades franciscanos, os irmãos que conviveram com São Francisco, que também era um dos frades, começaram no século XIII e logo se espalharam por todo mundo conhecido daquele tempo. A proposta de São Francisco e o seu exemplo encantam muitas pessoas. Em todo caso, as coisas boas geralmente não são fáceis. Não era fácil viver aquele generoso amor fraterno, aquela pobreza radical, aquela obediência tão comprometedora de São Francisco. Depois que ele morreu houve uma tendência para ir sempre tornando as coisas mais fáceis. Mas também houve sempre reações para voltar ao espírito original. Foi num desses esforços de volta às origens que nasceram os frades capuchinhos. Eles também se espalharam bem depressa por todo o mundo daquele tempo. Hoje, estão bem representados em mais de noventa países, em todos os continentes. Também vieram para o Brasil já no século XVII. Quando se permitiu que recebessem vocações brasileiras, já no finzinho de século XIX, começaram a crescer e, hoje, são mais de mil e duzentos em nossa terra. Com os outros franciscanos e franciscanas, das três Ordens, formam hoje uma ativa Família Franciscana do Brasil, que cultiva os esforços para essa vocação de milhares de brasileiros e brasileiras seja vivida com ardor cada vez maior.
Você quer ser um frade capuchinho?
Você pode dar um sentido e um valor muito maior a sua vida sendo um Frade Capuchinho. O que mais dá sentido à vida de uma pessoa é o amor que ela é capaz de viver. Claro que você também pode ter a felicidade se encontrar uma boa mulher e constituir uma bonita família, vindo a ter filhos e netos que o amem e a quem você poderá dedicar o seu amor e desvelo. Mas procure conhecer bem o seu coração, por tudo que você já viveu até agora. Pode ser que Deus queira fazer você feliz em um amor muito mais amplo, aberto a muitos irmãos, a muitas pessoas que você vai amar e que também vão amar você por toda a vida. O que importa é que, mesmo quando acabar esta vida na terra, a gente continue a viver um amor sem fim entre todas as pessoas, na casa de Deus. Veja bem qual pode ser o seu caminho. Se você sentir que o seu caminho pode ser esse, de uma vida religiosa consagrada como um religioso, procure entrar em contato com os Frades Capuchinhos, nos endereços que lhe estamos dando no fim deste livrinho. Você não vai ficar imediatamente comprometido. Os Frades Capuchinhos vão lhe dar diversas oportunidades de você analisar melhor sua vocação, na sua casa mesmo e também nas casas deles. Só quando você se sentir realmente decidido é que vai assumir a responsabilidade de ser um Frade Capuchinho. Afora vamos falar um pouquinho mais sobre São Francisco de Assis, sobre as Ordens que ele fundou e sobre os Frades Capuchinhos.

Carta do nosso Ministro Geral ao Novo Papa, Francisco



QUI SIBI NOMEN IMPOSUIT FRANCISCUM

Santíssimo Padre,
Paz e Bem!

Com a saudação popular e simples da tradição franciscana desejo dirigir-me à Sua Pessoa para apresentar-Lhe a saudação de cada frade da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos por sua eleição a Sumo Pontífice e assegurar-Lhe desde já, a nossa oração.
Em seu primeiro Encontro com a Igreja que está em Roma, apresentando-se do balcão da Basílica Vaticana ontem à noite,
Felizes os pobres em espírito porque deles e o Reino dos Céus (Mt 5,3) - 5 -
convidaste-nos a caminhar juntos e a rezar uns pelos outros, sendo assim um sinal de irmandade, de amor e de cofiança.
Muito obrigado Santo Padre por este convite que acolhemos e temos como empenho de nossa fraternidade de Frades Menores Capuchinhos, para sermos sinal daquela fraternidade que Cristo nos ensinou, recomendando lavar os pés uns dos outros.
São Francisco de Assis no cântico do irmão Sol nos ajuda a orar pela realização desta grande fraternidade fazendo-nos cantar na última estrofe «Louvado e bendito seja meu Senhor e agradecei-O e servi-O com grande humildade». Onde o louvor ao Senhor com o agradecimento por seu amor manifestado na Cruz, está unido ao serviço humilde ao homem e à mulher de todos os tempos e de todos os lugares.
Santo Padre, assegurando-Lhe a nossa filial obediência e a nossa oração quotidiana ao Senhor, peço-Lhe que abençoe a todos nós, os frades capuchinhos.

Roma, 15 de março de 2013
Frei Mauro Jöhri

Ministro geral OFMCap

A beleza da vocação cristã


A beleza da vocação cristã 
segundo uma Carta Pastoral de Dom António Marto da Diocese Leiria-Fátima, Portugal

1. “E Deus viu que tudo era muito belo” (Gen 1,31): Toda a vida é vocação
Quando contemplamos a nossa vida à luz da fé no mistério da Criação, tomamos consciência de que “não somos o produto do acaso irracional e sem sentido da evolução. Cada um de nós é fruto dum pensamento de Deus. Cada um de nós é querido, cada um é amado, cada um é necessário.” (Bento XVI) O amor criador de Deus é o início de cada vocação. Ele cria-nos com dons, talentos e capacidades que somos chamados a desenvolver para a nossa realização pessoal e para o aperfeiçoamento do mundo. Chama-nos a colaborar com Ele no projecto criador e salvador, para tornar o mundo bom e belo.
A vida humana não é pois um acaso nem um destino cego. É uma obra-prima do amor criador de Deus e traz inscrito dentro, em si mesma, um chamamento ao amor. Não é uma aventura solitária, mas diálogo, dom de Deus que se torna tarefa e missão para nós. Não vivemos ao acaso nem por acaso. O homem não está só no mundo: nem no princípio, nem no meio, nem no fim da vida e da história. Deus é o seu companheiro de caminho e este caminho abre à vida verdadeira e plena, boa, bela e feliz. Cada dia é-nos dado para responder à nossa vocação de criaturas de Deus, como um modo de conceber e projectar a nossa vida. Em cada pessoa há um dom original de Deus que espera ser descoberto, desenvolvido para dar frutos. A busca do sentido da vida é um eco da “vocação” de Deus.

2. “Fala, Senhor; o teu servo escuta” (1Sam 3,10):  A vocação como diálogo
Mas Deus chama o homem não só à vida e ao seu desenvolvimento; chama-o também, de novo e sempre, na sua história a colaborar com Ele numa história de salvação e não de perdição, de graça e não de desgraça, formando um povo que acolhe o dom da salvação. O povo de Deus – outrora Israel, hoje a Igreja – é um povo de chamados à fé e à salvação, a responder e corresponder à Palavra do Senhor.
A história de Deus com os homens é uma história de vocações. Através da sua Palavra, Deus chama e envia alguns (patriarcas, profetas…) a realizar determinada missão. Uma amostra exemplar é a vocação de Abraão, a quem Deus chamou para dar início à história particular da salvação, formando um povo, e a confiar somente na Palavra, acolhida na fé e na esperança. Quando Deus chama, espera uma resposta. Isto é claro na vocação de Samuel (1Sam 3), que responde com a sua disponibilidade pronta: “Eis-me aqui. Fala, Senhor, que o teu servo escuta”. Assim a história de cada homem, embora nos apareça como uma pequena história, é sempre parte integrante e inconfundível duma grande história da salvação, que vem de longe e leva longe e que tem o seu momento culminante em Jesus Cristo.

3. “Vinde e vede” (Jo 1,39): A vocação como encontro com Cristo
De facto, em Jesus, Filho de Deus feito homem, o Deus vivo, no excesso do Seu amor, entra em pessoa na nossa história, vem ao nosso encontro, aproxima-se de nós, torna-se nosso amigo, partilha connosco o mistério do Seu amor, para que tenhamos vida em abundância, vida verdadeira, nova e eterna. Jesus traz-nos a Boa-Nova de que somos amados por Deus como filhos; e dá-nos o Espírito Santo no qual podemos acolher Deus como Pai e os outros como irmãos. O Filho é enviado pelo Pai para chamar os homens a esta comunhão divina e fraterna. O convite de Deus chega até aos homens nas palavras, nos gestos, nos sinais de salvação de Jesus. Não é uma fórmula ou uma doutrina que nos salva, mas a Pessoa viva de Jesus.
Por isso, não existe uma passagem do Evangelho, um diálogo ou encontro que não tenha um significado vocacional: um convite¬ – chamamento de Jesus a segui-Lo, que põe o homem diante da interrogação fundamental: que quero fazer da minha vida? Qual o meu caminho?
É verdadeiramente iluminante a narração da vocação dos primeiros discípulos de Jesus no Evangelho segundo S. João 1, 35-39. O amor divino é o acontecimento de um encontro que muda a vida, a experiência de uma hora inesquecível que revive, de novo e sempre, no coração de quem aceita entregar-se a este amor em Jesus.
Quando João Baptista indica Jesus como o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” – isto é, como Salvador do mundo –, os dois (João e André) não hesitaram em segui-l’O, sem dizer nada. E Jesus faz-lhes uma única pergunta: “Que procurais?” Pode parecer uma pergunta banal, mas ela vai ao fundo da pessoa, como quem diz: o que vos move? Que anseios estão no interior do vosso coração? De que andais à procura na vida? Que vos interessa acima de tudo? E que esperais de Mim? É pois uma pergunta cheia de sentido, um convite a olhar-se dentro, a advertir o que há de mais profundo em nós.
Por sua vez, eles respondem com outra pergunta: “onde moras?” que exprime o desejo de ficar com Ele. Morando juntos, convivemos, compreendemo-nos, partilhamos algo em comum, sentimo-nos da família. Eles compreenderam pois que seguir Jesus é encontrar a verdadeira morada da própria vida. A resposta do Mestre é um convite a confiar e a fazer uma experiência de vida com Ele: “vinde e vede”. E assim fizeram. É tão grande a impressão daquele encontro que vai marcar para sempre a sua vida, que S. João recorda a hora precisa, típico da memória de um grande amor: “era a hora décima” que, para os hebreus, significava a hora das grandes decisões da vida. A vocação é o encontro com Alguém, não com alguma coisa; é a recordação de uma hora que muda a vida quando se aceita estar com Ele e viver d’Ele, reconhecendo-O como “meu Senhor e meu Deus”. “O encontro com Jesus abre um novo horizonte e imprime um rumo decisivo à vida” (Bento XVI), dá origem a uma existência nova na comunhão com Cristo.

4. “É belo estarmos aqui” (Mat 17,4):  A vocação como vida bela em Cristo
A vida em comunhão com Cristo é uma experiência de beleza a saborear e a testemunhar, tal como nos é dado contemplar no mistério da Transfiguração de Jesus, no monte Tabor. É um episódio misterioso, um acontecimento de revelação em que o Filho de Deus vivo deixa transparecer a profundidade da Sua vida divina, do Seu Amor eterno, da Sua bondade que irradia em forma de luz tão intensa que transfigura o Seu rosto – expressão da pessoa – e as Suas vestes, símbolo de tudo o que é quotidiano e se desgasta. Uma experiência tão maravilhosa que extasia os discípulos e leva Pedro a exclamar: “Senhor, como é belo estarmos aqui”: é belo estar contigo, contemplar a beleza do Teu rosto, pertencer a Ti, dedicarmo-nos a Ti!
E depois escutam a voz do Pai que ilumina este acontecimento: “Este é o meu Filho muito amado: escutai-O”. É o chamamento do Pai a seguir Jesus: recebei-O, acolhei-O, ponde n’Ele toda a confiança, fazei d’Ele o centro da vida, deixai-vos transfigurar por Ele.
A Igreja vê na Transfiguração de Jesus o próprio caminho de transformação da existência humana. Para o cristão, é sinal e apelo da transformação baptismal: um convite a dar nova figura, novo rosto, nova beleza à vida com Cristo que nos é comunicada no Baptismo. O Baptismo é pois o início de todo o caminho cristão para ser filhos de Deus como Jesus. Por isso dizemos que a primeira e fundamental vocação comum a todos os cristãos é a baptismal. Nela somos chamados à santidade que é a expressão da beleza espiritual e moral da nossa vida com Cristo. Ser cristão é um modo belo de viver a vida!

5. “Fui eu que vos escolhi” (Jo 15, 16): A vocação como eleição de amor
Há ainda uma palavra muito bela de Jesus, em que Ele desvela o segredo e o sentido mais profundo e último da vocação cristã: “não fostes vós que Me escolhestes; fui Eu que vos escolhi a vós e vos constituí para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça”. Esta frase é pronunciada num contexto em que Jesus como que entoa uma cantata ao Amor infinito do Pai dado a conhecer e partilhado pelos discípulos. E assim coloca o chamamento dos discípulos no coração do mistério, isto é, no desígnio do Amor eterno de Deus, que nos precede e acompanha, ao qual respondemos pela aceitação da fé. Sem negar a opção pessoal dos discípulos, sublinha-se o primado da iniciativa de Cristo, reconhecido como Senhor da nossa vida. Na origem da vocação cristã está a iniciativa da Sua graça, do Seu amor, da Sua misericórdia, da Sua atracção. Há um Amor que está antes da nossa resposta. A vocação aparece então como um dom, uma eleição de Amor.
Esta eleição não é só para eles, mas para a missão: “para que deis fruto”, para que através da irradiação da fé e do amor os homens tenham a vida eterna. Através da comunidade dos discípulos, o Filho de Deus continuará a revelar-Se e a comunicar-Se ao longo da história. A nossa vocação tem como horizonte o mundo inteiro. O chamamento do Senhor é pessoal e apostólico.

 Vocação e vocações na Igreja

Tudo o que foi dito refere-se à vocação comum a todos os cristãos. O nosso ser com Cristo pelo Baptismo insere-nos na comunhão de vida íntima com Deus e na comunhão de irmãos que é a Igreja. No Baptismo está pois a origem da vocação comum de todos os fiéis cristãos. Todos somos chamados a viver a nossa existência humana em comunhão com Cristo: a crescer na relação filial com Deus, no amor fraterno, na vida nova segundo o Espírito de santidade, a participar na edificação da Igreja, a anunciar e testemunhar o Evangelho no mundo. É uma vocação em ordem a realizar uma vida boa, bela e feliz com Cristo e com os outros para o mundo.

1. Variedade de dons e chamamentos
A vocação cristã, porém, especifica-se numa multiforme variedade. Todos os baptizados são alcançados pela luz da Transfiguração, pela beleza da vida nova, todos igualmente chamados a seguir o mesmo Cristo; mas cada um, de um modo próprio, segundo os dons e os apelos de Deus nas diversas situações.
O Espírito Santo alimenta a vida e a missão da Igreja com dons, carismas e ministérios diversos e complementares, que se configuram numa grande variedade de vocações. Podemos sintetizá-las em três tipos: a vocação à vida laical, ao ministério ordenado e à vida consagrada. Estas “podem-se considerar paradigmáticas, uma vez que todas as vocações particulares, sob um aspecto ou outro, se inspiram ou conduzem àquelas… Todos na Igreja somos consagrados no Baptismo e na Confirmação; mas o ministério ordenado e a vida consagrada supõem, cada qual, uma vocação distinta e uma forma específica de consagração, com vista a uma missão particular” (VC 31).
Assim, a vocação dos fiéis leigos é caracterizada pelo seu compromisso cristão no mundo: na vida matrimonial, na família, no trabalho, na economia, na política, na educação…; a dos ministros ordenados (bispos, padres e diáconos) distingue-se pelo ministério de representar Cristo, Pastor que guia o Seu povo; a dos consagrados consiste na entrega total, de alma, coração e sentimentos, a Jesus Cristo, pelo caminho da pobreza, da virgindade e da obediência como testemunho profético e serviço ao Reino de Deus no mundo e à esperança do mundo novo, em que quem reina é o Deus – Amor.
As diversas vocações são comparáveis a raios da única luz da Beleza de Cristo que resplandece no rosto da Igreja e fazem dela um jardim embelezado com as mais diversas flores.
Cada vocação nasce num contexto preciso e concreto: a Igreja, mãe e berço de vocações. Não existem vocações de primeira ou segunda categoria. Todas vêm de Deus e têm um único objectivo: anunciar o reino de Deus na história, tornar visível e testemunhar o mistério de Cristo Salvador. Numa palavra, na comunidade cristã há muitas vocações, mas uma única missão.

2. Necessidade urgente de sacerdotes e consagrados
Todas as vocações colaboram na edificação da Igreja, Corpo de Cristo, e na obra de salvação. Mas hoje sente-se uma necessidade urgente de ministros ordenados e de fiéis de vida consagrada. Os sacerdotes, na continuidade do ministério dos Apóstolos, servem, em nome de Cristo Pastor, a fé, o amor e a esperança de todos os fiéis e das comunidades cristãs, através do anúncio da Palavra de Deus, da celebração da Eucaristia e dos outros sacramentos, e da orientação da comunidade na comunhão fraterna.
Os fiéis de vida consagrada, movidos pelo Espírito Santo, tendem à perfeição da caridade seguindo radicalmente a Cristo mediante os chamados “conselhos evangélicos”, dando testemunho daquele Amor único que é Deus e do serviço aos irmãos em variadas expressões. São uma riqueza inestimável para a vitalidade da Igreja!
A atenção prioritária, na actual situação da nossa diocese, vai sobretudo para o ministério ordenado. Ele é a garantia permanente da presença sacramental de Cristo nos diversos tempos e lugares, sobretudo através da Eucaristia. É pois fundamental e indispensável para a vida da Igreja, da sua edificação e do seu crescimento!
Neste contexto, não há dúvida de que deve ser reservada hoje uma singular e específica atenção às vocações sacerdotais. Trata-se de “um problema vital para o futuro da fé cristã”, como dizia João Paulo II. Sem vocações ao sacerdócio será mais difícil o serviço ao Evangelho e não será possível uma renovada evangelização da nossa Igreja e do nosso território.

A VOCAÇÃO COMO O VERDADEIRO CAMINHO DE TODOS



A palavra vocação vem do latim vocare que significa chamado. Todos nós somos chamados, de uma forma ou de outra à fazer algo, à alguma coisa. Antigamente este termo significava qualquer espécie de aptidão. Por exemplo: aptidão para medicina, música, artes, etc.. Depois ele foi adquirindo um significado religioso passando a designar o chamado de Deus.
Vocação  - chamado -  resposta
Deus não age de forma diferente. Só que, ao chamar, Deus, antes de pedir Ele dá. Deus chamando o homem primeiramente à vida, à existência, e com a vida, dá-lhe também a liberdade, capacidade de lhe responder...
Depois de ter chamado o homem para a vida, Deus torna a chamá-lo, porque há muitas coisas que Deus deseja fazer no mundo através do homem. Deus não quer mais agir sozinho. Por isso, quando Deus chama, Ele chama para pedir alguma coisa, confiar alguma missão. O chamado de Deus é sempre um desafio:
1. Ao sermos chamados à vida, nos comprometemos a cumprir uma determinada missão que todos os outros possam viver bem.
2. Ao sermos chamados à fé, pelo batismo, nos comprometemos a seguir os ensinamentos de Jesus Cristo e a colaborar com os homens na busca da verdade e do bem vivendo como irmãos.
3. Ao sermos chamados a qualquer estado de vida (sacerdotal, religiosa, matrimonial) assumimos um compromisso específico com a comunidade humana, de ajudá-la a encontrar a felicidade.
Para que isso aconteça é indispensável que cada um faça desabrochar e fortificar a vocação que está em seu interior (talentos = = Mt 25,14-30).
As capacidades e dons que temos devem estar voltados para as necessidades dos outros. Quanto mais o homem está voltado para o outro, mais realizado e feliz será. O verdadeiro amor é o que busca a felicidade do outro e não a própria.
Podemos dizer que, vocação é a oferta divina que exige uma resposta e um compromisso com Deus. Nesta definição percebemos três aspectos:
1. Oferta (chamado) de Deus;
2. Resposta do homem;
3. Compromisso com Deus e com o irmão
A resposta do homem deve ser constantemente reassumida. É no dia-a-dia que se deve ir fazendo caminho e assumindo os riscos do nosso SIM.
Vocação é descoberta do próprio ser pessoal. Todo homem é chamado a aperfeiçoar a bondade que existe, em germe, em seu interior, a descobrir a sua vocação, a construir um mundo fraterno onde haja sol para todos, vida para todos.
A vida não é feita só de momentos claros, nos quais se percebe perfeitamente a vontade de Deus. Muitas vezes é necessário seguir por caminhos escuros e até incomuns. Muitos devem lutar duramente para seguir sua vocação. "A Palavra de Deus não dispensa ninguém de pensar, de tatear, de buscar, de tomar decisões".
Vocação é convite pessoal que Deus dirige a cada um. Cada ser humano tem algo de pessoal, e uma maneira pessoal de realizá-lo. Ao descobrir sua vocação, o homem está se descobrindo a si mesmo. Daí a necessidade de permanecer atento a tudo, para perceber sua própria vocação.
Seguir uma vocação é buscar incansavelmente uma resposta aos próprios anseios. Todo homem é chamado a decidir-se, a assumir os valores descobertos em si e não poupar esforços para alcançar os objetivos propostos.

COMO SE MANIFESTA UMA VOCAÇÃO?
Os fatos falam para quem sabe ouvi-los. Há indivíduos que passam ao longo da vida sem encontrar motivações para viver. Isso porque ficam surdos à voz de Deus que fala no recolhimento da oração e também nos acontecimentos da vida. "Deus fala continuamente, muitas vezes e de muitos modos" (Hb 1,1). É importante saber ler e interpretar tudo aquilo que se passa ao redor, para descobrir o plano de Deus a nosso respeito. Realizar o plano de Deus é realizar a própria felicidade.

O QUE É SEGUIR UMA VOCAÇÃO?
Seguir uma vocação é viver a vida com intensidade. É responder aos apelos de Deus. É renovar-se, converter-se, ir além, superar-se constantemente.
Seguir uma vocação é dar grandeza ao coração. É vencer todas as resistências. É seguir o apelo divino que chama a uma missão, a um serviço.
Ao dizer o SIM, a pessoa não está livre da angústia, da incerteza, da morte. O próprio Cristo disse SIM desde toda a eternidade à vontade do Pai, e entretanto na cruz exclamou: "Meu Deus, meu Deu, por que me abandonastes?"
Vocação é ponto de partida. Descobri-la é uma das condições para alcançar o ponto de chegada. O importante é partir. (Sai da tua terra e vai, onde te mostrarei = Abraão).

VOCAÇÃO É UM ESTADO DE VIDA
Todo homem é chamado a ser homem, a realizar-se fazendo algo. Deus convoca, faz seus apelos a cada momento da vida. Vocação, portanto, é o eco de Deus a ressoar dentro da alma humana. Realiza-se a vocação dentro de um determinado estado de vida. Os mais conhecidos são: matrimonial, sacerdotal e religioso. Descobrir e assumir a vocação num determinado modo de viver, é descobrir a felicidade de servir. É no seu estado de vida que a pessoa realiza a missão insubstituível que Deus lhe confiou.
Toda vocação é o resultado comum, de duas decisões livres:
a) a de Deus, escolhendo e chamando livremente o homem,
b) e a do homem respondendo livremente ao apelo divino.
A vocação vai despertando e se desenvolvendo lentamente, silenciosamente. Na entrega diária à vontade de Deus, descobre-se a verdadeira resposta.

A VOCAÇÃO É RESPOSTA LIVRE DO HOMEM
Homem algum consegue viver sem fazer, conscientemente, sua escolha. Todo homem deve dizer: "sim" ou "não" ao chamado que Deus lhe faz. A decisão deve ser livre. É o indivíduo que decide e ninguém mais deve influir sobre suas procuras.
A resposta que as grandes figuras da Bíblia deram a Deus foi uma resposta sem reserva, uma resposta que colocava o cumprimento da missão de toda a realização humana. Leia em sua Bíblia as seguintes vocações :
1. Abraão e Sara: é um casal vocacionado a construir um povo (cf. Gn 12,1-9) a partir de sua identidade. Sua vocação está voltada para uma nação, uma terra, e exige uma postura de profunda confiança em Deus;
2. Moisés: ainda bebê, foi salvo das águas para servir a Deus como libertador do povo hebreu (cf. Êx 3,1-11) e também levar até ele a palavra de Javé;
3. Samuel: foi vocacionado para que fosse mediador entre Deus e o povo (cf. 1Sm 3,1-19) pela prática da justiça e da oração;
4. Jeremias: foi alguém com muito medo, mas soube responder ao chamado de Deus (cf. Jr 1,4-10) com consciência do que deveria realizar (cf. Jr 1,17-19);
5. João Batista: a ele coube a missão de anunciar a vinda do Messias (cf. Lc 1,5-22), pois havia séculos que a “figura” do profeta desaparecera em Israel, e muitos acorriam a ele (cf. Mt 3,5);
6. Maria: com vocação para ser Mãe de Deus (cf. Lc 1,26-38), ela confiou e aceitou a missão sem compreender o propósito de Deus;
7. Jesus: é a síntese da vocação profética, ou melhor, é o “Ungido do Senhor” (cf. Jo 1,35-39; Lc 6,12-16; Mc 1,17-20);
8. Os Apóstolos: tinham por vocação pregar os ensinamentos de Jesus e de serem “pescadores de homens”, com o compromisso de adesão pessoal ao Mestre. 

Assim, concluímos que a vocação é a resposta do ser humano que tem fé ao Pai de misericórdia, pois “nós cremos no amor de Deus” (Deus Caritas Est n.° 1), o qual nos chamou à existência e nos constituiu seus colaboradores na obra da criação.
Como nossa busca nunca será completa, também nunca daremos uma resposta perfeita. Todos os dias devemos voltar a escolher aquilo que desejamos alcançar. Deus acompanha o homem: "Eu estarei contigo", diz incessantemente o Senhor. Ajuda a vencer as dúvidas, as vacilações, os momentos de incertezas, as horas de escuridão. Ajuda a vencer a vontade de fugir à responsabilidade da vocação, a tentação de dizer "não" e a virar as costas. E quem faz vencer todas as resistências, é a convicção de que Deus está com a gente. Ele acompanha o homem que procura dar uma resposta sincera, que tem fé. A função do homem é ter vontade firme e deixar-se conduzir por Ele.

VOCAÇÃO NA IGREJA
Na Igreja existe uma variedade de serviços (ministérios). Cada cristão tem uma função própria a desempenhar dentro da Igreja que é a grande comunidade dos filhos de Deus.
Cada vocação na igreja é um carisma, isto é, um dom de Deus, que deve ser colocado a serviço de toda a comunidade e de todos os homens. Importa cada um de nós descobrirmos qual o serviço (ministério) que Deus espera de mim.

Conclave escolhe novo Papa que quis se chamar Francisco


O novo Papa, Jorge Mario Bergoglio, Arcebispo de Buenos Aires, Argentina, escolheu o nome de Francisco. Dia 13 de março, ao anúncio da eleição, houve uma entusiástica ovação na praça de São Pedro. Papa Francisco, desde a primeira saudação, simples e familiar “boa noite”, tocou os corações dos presentes. Ele apresentou-se como o “bispo de Roma, chamado quase do fim do mondo” e agradeceu à “sua Diocese pelo acolhimento” esperando, ao mesmo tempo, uma frutuosa colaboração especialmente na obra de evangelização “desta bela Cidade”. Pediu também de rezar a Deus para que o mundo seja mais fraterno. Tocou ainda mais o coração dos fiéis, quando, antes de dar a bênção Urbi et Orbi, ele pediu de rezar a Deus para que abençoasse o seu novo bispo. Ele inclinado, diante da praça cheia de milhares de fiéis, num silêncio estupefacto, obedecendo ao seu humilde pedido, rezando com o coração. O nome escolhido, inédito entre os bispos de Roma, foi acolhido com benevolência, especialmente pelos italianos, que de imediato começaram a soletrar: Fran-cis-co, Fran-cis-co, Fran-cis-co …
Alguns já esperavam este nome, pois na praça viam-se cartazes com “Francesco”, mas talvez pensasse em outros “candidatos” apontados com insistência como papáveis. Alguém esperava uma escolha diversa, segundo as próprias preferências. Foi admirável o que disse uma senhora um pouco antes do anúncio: “não esperamos a escolha desse ou daquele, esperamos simplesmente o Papa”. O sensus fidei do povo de Deus confiante na guia do Espírito Santo foi confirmado pela alegria, pelo entusiasmo e pelos aplausos quando o Papa Francisco apareceu no balcão.

Renúncia de Bento XVI nos surpreendeu




"Caros irmãos:
Convoquei-os para este consitório, não apenas para as três canonizações, mas também para comunicar a vocês uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Após ter repetidamente examinado minha consciência perante Deus, eu tive certeza de que minhas forças, devido à avançada idade, não são mais apropriadas para o adequado exercício do ministério de Pedro. Eu estou bem consciente de que esse ministério, devido à sua natureza essencialmente espiritual, deve ser levado não apenas com com palavras e fatos, mas não menos com oração e sofrimento. Contudo, no mundo de hoje, sujeito a mudanças tão rápidas e abalado por questões de profunda relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e proclamar o Evangelho, é necessário tanto força da mente como do corpo, o que, nos últimos meses, se deteriorou em mim numa extensão em que eu tenho de reconhecer minha incapacidade de adequadamente cumprir o ministério a mim confiado. Por essa razão, e bem consciente da seriedade desse ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério como Bispo de Roma, sucessor de São Pedro, confiado a mim pelos cardeais em 19 de abril de 2005, pelo qual a partir de 28 de fevereiro de 2013, às 20h, a Sé de Roma, a Sé de São Pedro, vai estar vaga e um conclave para eleger o novo Sumo Pontífice terá de ser convocado por quem tem competência para isso".




domingo, 13 de janeiro de 2013

VOCACIONAL CAPUCHINHOS CE/PI


Objetivo do nosso Serviço de Animação Vocacional (SAV)

Nosso SAV tem por alvo ajudar aos jovens no descobrimento do projeto de Deus para a própria vida, aprofundando com eles o compromisso batismal, propondo o convite para seguir Jesus Cristo com mais radicalidade, e promovendo o coração apostólico franciscano-capuchinho no nosso contexto e espírito missionário a serviço da Igreja.

Estratégias do Acompanhamento Vocacional em nossa Província
Todos os frades são responsáveis por acompanhar e orientar os jovens com os quais têm contato, levando-os a uma opção madura da vocação. Contudo, para que essa atividade seja mais fraterna, acolhedora e eficaz, existe uma equipe de Animação Vocacional da Província, ou Serviço de Animação Vocacional Provincial (SAVPROCEPI), constituída pelo Animador Vocacional Provincial e por um Animador Local em cada uma das fraternidades presentes no território da Província. Essa equipe constitui o SAV, que presta o serviço de acompanhamento a todas as pessoas que tem interesse em discernir a sua vocação e conhecer mais de perto o carisma Franciscano-Capuchinho. Elabora projeto de ação em nível de Província, como também cada Animador local com o auxílio do Formador e ou Guardião (e demais Confrades), articula sua atuação na Fraternidade e comunidade eclesial locais.

O modo como se dá nosso Acompanhamento Vocacional
Para os jovens que desejam seguir os paços de Nosso Senhor Jesus Cristo na Forma de Vida Franciscana e Capuchinha, o SAV procura oferecer um acompanhamento mínimo de um ano e máximo de três anos (dependendo do caso se pode modificar a data, ou pedir ao jovem que tome uma decisão). Isso acontece através de: Encontros mensais; Encontro anual de Convivência Vocacional; Retiros vocacionais; Retiro de Seleção ou opção de vida; Formações Humanas (contatos com Psicólogo), Cristã e Religiosa; correspondência via carta, Telefone ou E-mails; Subsídios sobre diversos temas vocacionais (frisando a vocação Franciscano-Capuchinha, estudo da vida de santos de nossa Ordem, etc...); incentivo à inserção na vida eclesial onde moram; Visitas dos Animadores à família de cada jovem, bem como à sua comunidade eclesial/Igreja (contatos com Párocos e pessoas das comunidades); promoção de eventos como Shows Vocacionais, Cristotecas, Gincanas, panfletagem, exposição do Carisma em encontros de outras entidades/Congregações, testemunhos vocacionais, etc. Com Tríduos litúrgicos e Missas Vocacionais. Também estruturando equipes de leigos como Amigos das Vocações. Igualmente criando laços com outras Congregações e Paróquias/Comunidades Eclesiais na realização da Animação Vocacional em grupos mistos (homens e mulheres), na solidariedade pelas vocações em geral na Igreja Universal.

Em suma, no referente ao nosso Carisma, os Animadores nos contatos com os jovens buscam perceber e avaliar se estes demonstram abertura e alegria disponível em abraçar nosso estilo de Vida pessoalmente. Pois acredita-se que seguir um carisma/Vocação envolve felicidade seja para si próprio, seja para com o grupo/Fraternidade!

Frei Roberildo Sousa Araújo, OFMCap
Animador Vocacional Provincial - PROCEPI

PALAVRA DE NOSSO MINISTRO GERAL FREI MAURO JÖHE SOBRE O ANO DA FÉ


Iniciamos o Ano da Fé convocado pelo Papa Bento XVI, em sua Carta Apostólica “Porta Fidei” de 11 de outubro de 2011. Este evento marca as comemorações do quinquagésimo aniversário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II, e terminará aos 24 de novembro de 2013, Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. Este ano é de suma importância para o aprofundamento e vivência da Fé cristã.

Nosso jeito capuchinho de transmitir a Fe precisa de
Evangelizadores novos para uma Nova Evangelização
"Evangelizar é a graça e a vocação própria da Igreja, é a sua mais profunda identidade" ( Evangelii Nuntiandi , 13-14). A Igreja recebeu do Senhor a missão de proclamar e difundir o Evangelho como "poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê" (Romanos 1: 16) e como a "palavra viva e eficaz" (Hb 4, 12). Ela recebeu a missão de proclamar e difundir uma pessoa, ou seja, a pessoa de Jesus Cristo, que é a palavra final de Deus feito homem (cf. 1 Cor 1, 24). Anunciar o Evangelho, a pessoa de Jesus Cristo, é, portanto, uma obrigação para cada batizado, caso contrário, "Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho" (1 Cor 9, 16).
 Graças ao dom do Espírito, os Apóstolos, com ousadia "parresia" (Atos 2, 29), as suas experiências de Jesus e a esperança que os anima, não só em Jerusalém, Judéia e Samaria, mas até mesmo para os fins de o mundo.
 Depois de vinte séculos, a Igreja de hoje precisa de uma nova época missionária - como indicado em 1990 pelo Beato João Paulo II (cf. Redemptoris Missio 294-340, IL 85). Bento XVI recorda-nos também isso não só por causa da multidão de pessoas que ainda não conhecem a Boa Nova - ou mesmo muitos dos batizados que não são suficientemente evangelizados e que precisam de novo a Palavra de Deus proclamada a eles em um persuasivo " maneira ", mas também por causa das muitas pessoas que antes eram" ricos em fé ", hoje corre o risco de perder sua própria identidade", sob a influência de uma cultura secularizada. "Neste contexto, seguindo as diretrizes estabelecidas pelo Concílio Vaticano II , os ensinamentos dos Papas recente, e no ano de Fé ", hoje devemos enfrentar com coragem uma situação cada vez mais diversificado e exigente, revivendo o impulso das origens, e" permitir-nos a ser preenchido com o ardor da pregação apostólica depois de Pentecostes " ( NMI40). Isso mostra a necessidade urgente de que existe para nos deixar ser preenchido com o ardor da pregação apostólica "(cf. NMI 40). "Nova evangelização", além disso devem ser afirmados sem medo, confiante na eficácia da Palavra "(cf. Verbum Domini 96).
 A nova evangelização exige certamente novo ardor, novos métodos, novas expressões, mas, acima de tudo, novos evangelizadores de "personalidades sólidas, que são animadas pelo fervor dos santos" (VC 81). Estes, aliás, não deve ser ocupado apenas com estratégias de renovação, mas em "aumentar a qualidade do seu testemunho" ( IL 158), devem ser pessoas que se permitem ser continuamente desafiados pela Palavra de Deus e que fazer uma leitura teológica dos sinais dos tempos e lugares (cf. Evangelii Nuntiandi 15). Tendo em conta que o testemunho cristão é a primeira forma de evangelização (cf. Ecclesia in Medio Oriente , 66) e que a nova evangelização envolve, acima de tudo ", o lançamento de um movimento de conversão" ( IL 88) de tal forma que, em cada o batizado o entusiasmo de pertencer a Cristo é revivida (cf. IL 87), a nova evangelização precisa de homens e mulheres que "manifestar a unidade entre auto-evangelização e testemunho, entre renovação interior e ardor apostólico, entre ser e agir, mostrando que o dinamismo surge sempre a partir do primeiro elemento de cada um destes pares "(VC 81).
 A propagação da fé cristã através da pregação do Evangelho é "uma missão essencial da Igreja" (Ecclesia in Medio Oriente , 85). Para que ele seja credível e "apresenta-se como uma realidade que pode ser vivida e dá vida", e não é apenas uma coisa utópica ou ideológica, precisa de testemunhas (cf. Verbum Domini 7). Nenhuma estratégia, porém novo e apropriado que possa parecer, pode atender a essa exigência.
 No contexto da nova evangelização, uma tarefa fundamental a ter em mente é a formação de evangelizadores novos que podem responder com clareza, criatividade, ousadia e - de uma fidelidade perfeita à sua vocação - para os desafios colocados pela difusão da fé no presente contexto. Especificamente, esta é caracterizada por formação de alguns pontos especiais. Entre outros, destaco o seguinte:
 ·         Os evangelizadores novos devem ser, acima de todos os homens e mulheres que são inspirados por uma fé verdadeira. Se "a difusão da fé é o fim da evangelização" (cf. IL 31), então o que é essencial em um evangelizador é a fé. Essa fé, porém, não deve ser apenas uma fé abstrata de noções, como o Cardeal Newman disse, mas uma fé que se torna experiência, uma fé vivida, celebrada e confessou, de tal forma que faz a transição do meramente fictícia à realidade possível . Os biógrafos de São Francisco de Assis o descrevem como um evangelista novus enviado por Deus para despertar os corações dos homens e mulheres de seu tempo para uma verdadeira sensação de presença e de trabalho de Deus em sua vida. O que o Pobrezinho de Assis fez foi a de realizar uma nova evangelização da sociedade e da cultura de seu tempo. Sua novidade não consiste em pregar o Evangelho, mas de uma nova compreensão do Evangelho com um compromisso apaixonado e encarnação criativo, tudo possível graças a sua fé sólida em Aquele a quem ele confessou como o todo de sua vida (cf. louvores de Deus, 4).
·          ·         A fé de que falamos tanto deve nutrir e mostrar-se através de uma intensa vida de oração, até se tornar uma pessoa que tornou-se toda a oração (cf. São Francisco). O evangelizador novo, desde os primeiros anos de sua formação, deve ver-se como um discípulo permanente na arte da oração. Só assim ele será capaz de manter a sua fé de enfraquecer e sucumbir à sedução de suplentes. Só então ele será capaz de se manter constantemente no Senhor (cf. Jo 15, 4), sabendo que sem Ele, nada pode fazer (cf. Jo 15, 5). A oração, a amizade com o Senhor, eo diálogo de amor com ele são o que permitirá que o evangelizador a ser possuída e transformado pelo Amado, para dizer com São Paulo: "Já não é mais eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim "(Gl 2, 20). Desta forma, ele será capaz de responder com sabedoria evangélica às grandes questões que surgem a partir da inquietação do coração humano e suas necessidades mais urgentes, incluindo a necessidade de Deus.
       Ser apaixonado pelo Senhor que se manifesta em uma vida de oração constante, se é autêntica, vai nutrir no evangelizador novo também uma grande paixão pela humanidade, especialmente dos pobres, levando-o a tornar-se menor entre os menores da terra . Sem o testemunho de um amor prático e concreto para os pobres e no testemunho também de uma vida coerente vivida a partir da lógica da minoria e de serviços gratuita, marcada pela simplicidade e proximidade com o mínimo, a nossa mensagem dificilmente será credível e irá executar o risco de se afogar no mar de palavras (cf. NMI 50). Isso traz completamente a questão da radicalidade evangélica da vida, que vai garantir o significado da vida e da missão da nova evangelização.
       Esta paixão pela humanidade vai liderar o novo evangelizador não deve ser deixado de fora nas margens de alguns dos desafios a que o homem moderno é particularmente sensível (desequilíbrio ecológico, por exemplo, a constante ameaça para a paz, o desprezo pelos direitos humanos mais básicos como o direito à vida) e colocar-se adequadamente na aeorapguses novos de missão, como o mundo da educação, cultura, comunicação social, etc (cf. VC 96-99).
      Tudo isso faz com que a nova evangelização na formação inicial e contínua de aprender a arte do diálogo. A missão de ser portador do dom do Evangelho vai junto com o diálogo cultural, ecumênico e inter-religioso. O diálogo, por sua vez, envolve aprender como tanto ouvir e falar, ou seja, ouvir o outro com o respeito que lhe é devido e, ao mesmo tempo, saber como dizer uma palavra nascida em silêncio, amadurecida na reflexão , e alimentada por um estudo sério. Com o diálogo vem simpatia pelo mundo tão amado por Deus (cf. Jo 3, 16), que é acompanhado por um discernimento sério que, por sua vez, nos leva a "distinguir entre o que é do Espírito Santo e que é contrário a ele" (cf. VC 73). Diálogo implica libertar a linguagem de sua gaiola, a fim de tornar a Boa Nova mais compreensível para os homens e mulheres de hoje. Por último, o diálogo implica sendo formada no meio moderno de comunicação, para que eles possam estar a serviço da Palavra e evangelização (cf. Ecclesia in Medio Oriente , 72).
A nova evangelização precisa de novos evangelizadores que vivem pela Palavra e levá-la como a alma e fonte de comunhão e testemunho, mas precisa de novos evangelizadores que se deixam ser evangelizada por encontrar Cristo, a fim de que eles podem se atrevem a falar abertamente de Deus e proclamar corajosamente o Evangelho, mas precisa de evangelizadores novos que estão constantemente alimentada por uma vida sacramental e litúrgica, que lhes permite melhor tirar da patrística, a riqueza bíblica, teológica e espiritual. Dada a necessidade de nova evangelização por parte dos novos evangelizadores, eu acredito que este Sínodo deve fornecer diretrizes para a formação destes novos evangelizadores, para que eles possam responder adequadamente às exigências que a nova evangelização implica.

(Fonte: Cadernos de Espiritualidade Franciscana, nº 11, pp. 41-47).

A intervenção do carisma Franciscano no mundo para testemunhar a fé
(Continuação do texto do ministro Geral)

À luz do que acabamos de dizer, parece-me que precisamos de uma intervenção franciscana no mundo para transmitir a Fé neste terceiro milênio, através de, e dentre  outras formas de testemunho,  a menoridade, a fraternidade, a promoção da paz, a pobreza como libertação e opção pelos pobres, o respeito pela criação, o clima de transcendência, centrado num Deus que é amor.
Vou dizer apenas e sem grandes pretensões uma palavra muito breve a sublinhar o significado e conteúdo de cada uma destas áreas no pensamento franciscano das origens e a alternativa flagrante que elas representariam em ordem a uma transmissão da fé no mundo novo em que todos mais ou menos conscientemente andam a sonhar.
A) A menoridade
A menoridade faz parte da identidade de Francisco e também da sua Família. Foi o próprio São Francisco que escolheu para si e para os seus este nome(1) Queria que os seus se chamassem assim: Irmãos Menores(2) Eram de facto assim(3). Propôs mesmo o que seria o retrato de um irmão menor(4). Assim se designava a ele próprio(5). Assim designava ele os seus filhos, a sua Ordem(6). Numa sociedade, com "maiores e minores" Francisco quis que os seus fossem fazer parte dos "minores".
Não foi questão de táctica. Aprendeu-o no evangelho(7).
Não os chamou mínimos. Usou o comparativo. Supõe que qualquer franciscano vê e considera sempre todo o outro acima de si próprio. Nunca se poderá ver acima de ninguém. Vê todos os outros acima de si. Como tais, dá-lhes sempre o primeiro lugar. Escolhe, como seu lugar próprio, estar sempre entre e com os menores.
Uma gente assim mataria toda a inveja imperante. Acabaria com a concorrência e competitividade que esmaga pessoas, espalha conflitos, é fonte de ameaças, semeia injustiças. Dispensa armas e exércitos. Tem por amigos os mais pequenos, os mais frágeis, os mais fracos. Toma sempre como suas as causas deles. Não tem medo de ninguém, mesma num mundo cheio de medos, como é o nosso.
B) A fraternidade
A fraternidade entre todos é outra das notas fundamentais do franciscanismo. S. Francisco fundou uma Ordem de irmãos(8) onde todos são mesmo irmãos (fratresfrades)(9) uma família(10), com irmãos a partilharem tudo o que recebem(11), até com obediência uns aos outros(12), com amor materno de uns pelos outros(13). Todos a verem como irmãos todos os homens(14), sem discussões, sempre na alegria e na simplicidade(15). Sábios e simples(16). Todos assim.
Um mundo de gente assim seria o fim do egoísmo. Poria fim à solidão de tanta gente. Evitaria o stress. Aproximaria as pessoas. As guerras e os crimes iriam desaparecer.
C) Promoção da Paz
Faz parte do franciscanismo a promoção da paz. Promoção da paz, com o exemplo. Era a regra fundamental e Francisco na evangelização e missionação a pratica entre os sarracenos e outros infiéis. Deviam ir para o meio deles e viverem ali em paz entre si e sujeitos a toda humana criatura segundo mandava a Primeira Regra(17). A saudação dos irmãos devia ser, cada dia, um desejo de paz, como impõe a Segunda Regra(18). A norma de base era o perdão, perdão sem medida, como se manda na carta de Francisco a um Ministro(19). Ser franciscano era promover a paz com palavras(20) e obras(21). É esta a missão da Ordem(22). Promover a paz até entre os homens e os animais, como Francisco o fez com o lobo de Gúbio(23). Paz sempre e só a partir da justiça, como bem o acentua na pacificação do lobo de Gúbio(24). Paz desarmada, como a de Francisco com o Sultão num tempo de cruzadas. Paz que canta os que promovem a paz(25) e inspira orações para suscitar promotores de paz: Senhor, fazei de mim instrumento da vossa paz!
Um corpo de paz assim, no mundo e na igreja, afastaria certamente neste terceiro milénio um dos maiores perigos e riscos da Humanidade e que vai fazendo gastar em armas o que se devia gastar em pão e na promoção dos homens e das nações e, na posse de armas nucleares, pode até pôr em risco a própria subsistência da humanidade.
D) Da pobreza como libertação
A pobreza é uma linha de base no franciscanismo. A pobreza é norma de vida(26), fundamento da Ordem, novidade da Ordem(27). Pobreza que é de Nosso Senhor Jesus Cristo(28). Pobreza que é altíssima(29), uma senhora(30), uma esposa(31), uma graça do Senhor(32). Pobreza que tem de ser voluntária(33) e consiste em não ter nada próprio(34), não se apropriar de nada. É libertar tudo em favor dos pobres(35), como Francisco o quis demonstrar na cena das rolas que comprou e soltou para as pôr a cantar para toda a gente(36). Pobreza que é humildade(37), uma virtude real, por ser pobreza de um grande Rei que é Jesus e a todos nos garante o reino dos céus(38). Pobreza que faz ver tudo como dom(39), evita o supérfluo(40), converte os pobres em imagens de Cristo(41), que fez de Maria a Senhora pobre(42).
Num mundo de ganância, de ambições desmedidas, de avareza, onde o que se ganha e se tem nunca chega, onde os bancos vão escondendo o pão que nos sobra e falta aos pobres, onde os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais numerosos e mais pobres, num mundo que é ao mesmo tempo de opulência, de ostentação e de miséria e fome, um mundo cada vez mais igual ao do rico avarento e do pobre Lázaro, um tal testemunho autêntico e "escandaloso" de pobreza franciscana, seria decisivo. Seria uma contestação, talvez silenciosa, mas mais eficaz e necessária. Seria uma revolução cada vez mais urgente.
E) Respeito pela criação
O respeito pela criação faz parte essencial do ideário franciscano. As coisas criadas revelam a glória de Deus(43). São reflexo do Senhor(44), a imagem do seu Filho(45). São nossas irmãs(46). Reflectem o amor de Deus para connosco(47). Merecem respeito e sujeição(48). Servem para com elas louvarmos o Senhor(49). A pobreza franciscana é também e sempre respeito pelas criaturas.
Num mundo ameaçado pelo desequilíbrio cósmico, pela exploração irresponsável da criação, pelo uso e abuso de tudo, pela invasão do lixo que nos ameaça, pela poluição de rios e das fontes, dos ares e dos mares, pela praga dos fogos nas florestas, pela agressão sonora, com a invasão desordenada do cimento armado a ameaçar sempre mais as zonas verdes das nossas cidades, o exemplo e a voz franciscana, a partir da fé, poderiam ser uma lufada de ar fresco e de esperança na cidade dos homens que corre risco de dar cabo da sua casa comum, o cosmos em que habitamos. O hino oficial poderia ser o Cântico das Criaturas. Sem uma voz assim, podemos acabar por silenciar a Deus e provocar uma derrocada da casa de todos nós que viria a cair sobre as nossas cabeças como consequência do sacrilégio que é a nossa anti-criação.
F) A recuperação da contemplação e do sentido de Deus no mundo.
Na alma Franciscana Deus é tudo. Está no centro. Ele é a razão de tudo. Deus é a nossa luz(50), a caridade e o amor(51), a misericórdia(52), a segurança(53), o nosso Pai(54), o nosso salvador(55), o nosso protector(56), o único bem(57), a fonte de todo o bem(58), a nossa esperança(59), o omnipotente(60), a fonte de alegria(61), o Pai(62) e amigo(63), o nosso guia(64), o benfeitor do homem(65), o Pai dos pobres(66), uma presença que se respira em todas as coisas(67), uma grande promessa para todos nós(68), o alimento da nossa alma(69), alguém que é admirável em todos os que o amam(70).
Num mundo em que, por um lado, não falta nada e por outro há tanta gente infeliz, desgraçada, desesperada, desiludida que não aguenta a vida, que avança só à força de droga, sexo, dinheiro; num mundo a falar de "fossa", sem sentido para a vida, sem razões para viver e para esperar, sem alguém por quem valha a pena viver e morrer, o franciscanismo do Alverne, do Cristo de S. Damião, dos "carceri" de Rivotorto, da Porciúncula, das noites na casa de Bernardo Quinta Vale, um franciscanismo a semear por esse mundo além zonas de silêncio e de paz, seria uma fonte de esperança no terceiro milénio. Seria o reencontrar daquela que já se chama a dimensão perdida. Dimensão que há que encontrar se queremos que o mundo tenha futuro. Malraux já escreveu que o século XXI será contemplativo ou não será. Mauriac disse também que nós, cristãos, escondemos a Deus e o mundo anda para aí aflito, desorientado, desesperado à sua procura e não sabe onde o metemos. É tempo de o mostramos mesmo. Falta-nos oásis. Deus no meio dos desertos do mundo.
CONCLUSÃO
O mundo e a Igreja estão pois à espera de portas de saída para novos problemas que há que resolver. Pensemos só, e a título de exemplo, nas desigualdades no mundo. Segundo estatísticas da ONU e do Banco Mundial, nos últimos 30 anos, as desigualdades no mundo duplicaram(71). Por outro lado, tem-se tentado minorar tais desigualdades, só a nível económico, primeiro unindo os mais pobres contra os mais ricos. Não foi solução. Tentou-se depois ajudar os mais pobres a subir sem tocar nos mais ricos. Já se viu que também não deu resultado. A solução possível parece que só pode ser uma solidariedade com os mais pobres, à custa dos mais ricos que têm de ser menos ricos em favor dos mais pobres. Não há outra saída(72). Num mundo assim, só um grande ideal de pobreza, traduzido na vida de muita gente que contagiasse o pensar e o viver de todos nós, poderia ser uma esperança. Fala-se hoje de uma Igreja de desejo a mostrar os grandes desejos do mundo em que ela vive e se encontra e a proclamar as promessas do seu Senhor(73), que são as do sermão da Montanha. Tudo isto, aos vários níveis aqui contemplados, seria a síntese do que eu tentei dizer ao tratar do que poderia ser o franciscanismo no Terceiro Milénio. Seria assim a vida de todos os Franciscanos no Terceiro Milénio, a imagem viva de uma igreja de desejos e de promessas.
Penso por aqui iria passar também o problema das vocações à vida franciscana e o futuro do franciscanismo no terceiro milénio e até o futuro do mundo.

(Fonte: Cadernos de Espiritualidade Franciscana, nº 11, pp. 41-47).

Vocação, uma aventura da fé!


ORDEM DOS FRADES
 MENORES CAPUCHINHOS
PROVÍNCIA SÃO FRANCISCO
 DAS CHAGAS DO CEARÁ E PIAUÍ
SERVIÇO DE ANIMAÇÃO VOCACIONAL - SAV


“Envia-me, Senhor, a transmitir a fé: eis minha disponibilidade vocacional!”


No número 13 do documento PORTA FIDEI, o Papa Bento XVI nos mostra grande aventura vocacional de várias personalidades bíblicas. É a história da fé de homens e mulheres que se dispuseram a abraçar um projeto divino, misterioso, quando os limites humanos não lhes davam qualquer esperança. Eles o abraçaram pela fé.... Eis o texto:
“Será decisivo repassar, durante este Ano, a história da nossa fé, que faz ver o mistério insondável da santidade entrelaçada com o pecado. Enquanto a primeira põe em evidência a grande contribuição que homens e mulheres prestaram para o crescimento e o progresso da comunidade com o testemunho da sua vida, o segundo deve provocar em todos uma sincera e contínua obra de conversão para experimentar a misericórdia do Pai, que vem ao encontro de todos.
Ao longo deste tempo, manteremos o olhar fixo sobre Jesus Cristo, «autor e consumador da fé» (Heb 12, 2): n’Ele encontra plena realização toda a ânsia e anélito do coração humano. A alegria do amor, a resposta ao drama da tribulação e do sofrimento, a força do perdão face à ofensa recebida e a vitória da vida sobre o vazio da morte, tudo isto encontra plena realização no mistério da sua Encarnação, do seu fazer-Se homem, do partilhar conosco a fragilidade humana para a transformar com a força da sua ressurreição. N’Ele, morto e ressuscitado para a nossa salvação, encontram plena luz os exemplos de fé que marcaram estes dois mil anos da nossa história de salvação.
Pela fé, Maria acolheu a palavra do Anjo e acreditou no anúncio de que seria Mãe de Deus na obediência da sua dedicação (cf. Lc 1, 38). Ao visitar Isabel, elevou o seu cântico de louvor ao Altíssimo pelas maravilhas que realizava em quantos a Ele se confiavam (cf. Lc 1, 46-55). Com alegria e trepidação, deu à luz o seu Filho unigénito, mantendo intacta a sua virgindade (cf. Lc 2, 6-7). Confiando em José, seu Esposo, levou Jesus para o Egipto a fim de O salvar da perseguição de Herodes (cf. Mt 2, 13-15). Com a mesma fé, seguiu o Senhor na sua pregação e permaneceu a seu lado mesmo no Gólgota (cf. Jo 19, 25-27). Com fé, Maria saboreou os frutos da ressurreição de Jesus e, conservando no coração a memória de tudo (cf. Lc 2, 19.51), transmitiu-a aos Doze reunidos com Ela no Cenáculo para receberem o Espírito Santo (cf. Act 1, 14; 2, 1-4).
Pela fé, os Apóstolos deixaram tudo para seguir o Mestre (cf. Mc 10, 28). Acreditaram nas palavras com que Ele anunciava o Reino de Deus presente e realizado na sua Pessoa (cf. Lc 11, 20). Viveram em comunhão de vida com Jesus, que os instruía com a sua doutrina, deixando-lhes uma nova regra de vida pela qual haveriam de ser reconhecidos como seus discípulos depois da morte d’Ele (cf. Jo 13, 34-35). Pela fé, foram pelo mundo inteiro, obedecendo ao mandato de levar o Evangelho a toda a criatura (cf. Mc 16, 15) e, sem temor algum, anunciaram a todos a alegria da ressurreição, de que foram fiéis testemunhas.
Pela fé, os discípulos formaram a primeira comunidade reunida à volta do ensino dos Apóstolos, na oração, na celebração da Eucaristia, pondo em comum aquilo que possuíam para acudir às necessidades dos irmãos (cf. Act 2, 42-47).
Pela fé, os mártires deram a sua vida para testemunhar a verdade do Evangelho que os transformara, tornando-os capazes de chegar até ao dom maior do amor com o perdão dos seus próprios perseguidores.
Pela fé, homens e mulheres consagraram a sua vida a Cristo, deixando tudo para viver em simplicidade evangélica a obediência, a pobreza e a castidade, sinais concretos de quem aguarda o Senhor, que não tarda a vir. Pela fé, muitos cristãos se fizeram promotores de uma acção em prol da justiça, para tornar palpável a palavra do Senhor, que veio anunciar a libertação da opressão e um ano de graça para todos (cf. Lc 4, 18-19).
Pela fé, no decurso dos séculos, homens e mulheres de todas as idades, cujo nome está escrito no Livro da vida (cf. Ap 7, 9; 13, 8), confessaram a beleza de seguir o Senhor Jesus nos lugares onde eram chamados a dar testemunho do seu ser cristão: na família, na profissão, na vida pública, no exercício dos carismas e ministérios a que foram chamados.
Pela fé, vivemos também nós, reconhecendo o Senhor Jesus vivo e presente na nossa vida e na história”.
Pela fé, eu ... (meditar e escrever sua história de fé... suas respostas vocacionais... “Por que quero responder ao chamado de Deus nesse ‘estado de vida=Religioso’ e no ‘Carisma franciscano Capuchinho?’”)...